"Para este trabalho decidi comentar dois dos pontos fornecidos pelo professor. São esses o 09 e o 10, que passo a transcrever:
- O Design tem como objectivo específico potenciar uma relação sustentável entre o homem e o habitat artificial ou natural;
- Todo o projecto de Design deve contemplar uma moral social como valor acrescido ao projecto e como garantia do bem;
Estando num curso recentemente adaptado ao Tratado de Bolonha, cujo um dos ideais principais é a complementaridade inter-disciplinar que potencie a aprendizagem dos alunos, decidi comentar estes dois pontos em parte ao abrigo de um projecto da cadeira de Design Gráfico.
Nessa disciplina encontro-me a desenvolver uma campanha de sensibilização ambiental dirigida à comunidade FBAUP, pelo que não só a campanha responde à unidade curricular, mas também a um desejo de diminuir a pegada ecológica da Faculdade de Belas-Artes da UP, com a esperança de que se possa expandir às casas de cada aluno, e que cada um contagie mais um.
Os designers, mais do que os artistas plásticos, têm uma profissão com uma grande pegada ecológica, e talvez assim se consiga compensar de alguma forma o mal que causamos ao ambiente, criando uma forma vida sustentável entre homem e habitat.
Os principais objectivos da campanha são:
- Criação de uma consciência mais preocupada e interessada no futuro do planeta;
Fotografia tirada na FBAUP
- Estimular a participação do estudante (que é o futuro) na melhoria da qualidade de vida;
- Contribuir para a adopção de hábitos e de práticas duradouras mais adequadas à vivência em sociedade;
É portanto clara nesta situação a moral social que se pretende vincar nos alunos da FBAUP, tendo em vista o melhor interesse do ambiente e, consequentemente, das gerações vindouras. O Design deve “Intervir no contexto social para o tornar mais simpático, humano, doméstico, habitável, tolerante e agradável.”*
Assim, achei que uma excelente base para comentar estas frases seria o Design Ambiental - ou Green Design.
Nos anos 1920, o norte-americano Richard Buckminster Fuller, definiu uma «ciência de design» capaz de conceber «o máximo com o mínimo», frase celebrizada por Mies Van Der Rohe de que a simplicidade e a clareza levam a um bom design (less is more). Contra a civilização do desperdício, Vitor Papanek, autor de "Design for a Real World" (1971) e de "Arquitectura e Design" (1995) foi quem primeiro estabeleceu a relação entre design e consciência ecológica.
Este design “verde” caracteriza-se por planear um artefacto tendo em conta o seu ciclo de vida, ou seja, o ciclo desde a matéria-prima até à decomposição do produto nos aterros ou lixeiras e o impacto ecológico deste percurso. Tenta portanto aumentar a duração do artefacto, minimizando o desperdício e o consumo de energia.
Assim, um bom artefacto de design protege os recursos naturais e o ambiente.
Felizmente, cada vez mais os consumidores são eco-conscientes e rejeitam produtos ecologicamente perigosos: as toneladas de papel branqueado com cloro, tintas tóxicas e a enorme quantidade de lixo que deriva dos processos de produção são da responsabilidade dos produtores mas ainda mais dos designer, que projectam os artefactos dessa forma. O design deve demonstrar consciência social e ambiental – Ecodesign. “Nós conceptualizamos projectos e desenvolvemos ideias para gerar sensações e reacções, tendo em conta aspectos funcionais, comunicativos e de produção naquilo que fazemos.”*
Para bem do planeta, hoje em dia é fácil ser “eco-friendly”. Vai-se pagar a conta da electricidade e traz-se um folheto com informações de como reduzir o consumo de energia e consequentemente reduzir também a factura (1). Vai-se a um posto de abastecimento de combustível, e traz-se igualmente um folheto com 10 dicas para reduzir o consumo de combustível (2). Posteriormente temos o detergente da roupa (3), eficaz e amigo do ambiente. E ainda há o Biosfera e o Desafio Verde, dois programas na RTP2 (4).
Para o produto ser um Eco-produto, deverá, além da estética, ter em conta o facto de ser durável e reciclável. Há já empresas que adoptam políticas do ambiente: no Packaging, alguns fabricantes de pipocas nos EUA usam o milho para produzir as embalagens em vez do poliestireno, tornando-as totalmente biodegradáveis (todo o material que após o seu uso pode ser decomposto pelos micro organismos habituais no meio ambiente).
Diminui-se assim o impacto das manufacturas do homem sobre o meio ambiente e o produto sustentável torna-se numa referência cultural da imagem dessas empresas – uma situação de ganho para todos.
O Design deve “Criar qualidade de vida e consciência ambiental através do uso de materiais alternativos e não poluentes.”*
Alguns materiais que são utilizados no design de produtos sustentáveis são: plástico, metal e borracha reciclados, papel sem ácidos, pigmentos sem metais pesados, papel reciclado sem cloro, entre outros.
Na indústria das tintas, a empresa Hoechst afirma que para produzir 100 quilos de corantes sintéticos resultam 600 quilos de lixo tóxico. A indústria gráfica inclui-se, em Portugal, entre os maiores produtores de lixo tóxico.
Como qualquer cidadão, e ainda mais porque o design começa ao lado do produtor, deve o designer ser responsável em relação às consequências ambientais dos projectos em que se envolve.
Devemos “Propor a semente da tranquilidade contra o caos” e
“Conservar posições éticas e críticas (e visões sobre o ambiente), ao que fazemos e nos é proposto.”*
Por outras palavras, o design não deve ameaçar a dignidade e integridade humana. A política dos 3 R’s é um conjunto de medidas básicas que visa minimizar os danos da poluição e do desperdício.
-Reduzir resíduos, reduzir no desperdício de materiais, reduzir no consumo de energia. Na área de produto e embalagem implica evitar volumes exagerados, utilizar menos material e sempre reciclável.
-Encarar sempre a possibilidade da reutilização dos produtos e embalagens. A reutilização de produtos e de materiais pode gerar novos produtos. Não utilizar materiais que possam causar danos ambientais e preferir sempre materiais que possam ser reutilizáveis e / ou recicláveis.
-Reciclar consiste em transformar material inutilizado novamente em material utilizável. Os produtores e os designers devem prever a reciclagem dos materiais utilizados nas mercadorias que produzem.
Em suma, este ponto do Manifesto Medelin ilustra perfeitamente o que é dito acima, de que nós Designers de Comunicação, devemos:
“Pôr o design ao serviço do desenvolvimento humano, para sensibilizar e educar o utilizador e consumidor do produto, e ajudar a desmanchar modelos culturais e estereotipados, isto é, fazer do design uma ferramenta pedagógica.”
Bibliografia:
(1) http://www.servicos.edp.pt/download/flash/simul_global.html#home
(2) http://www.savemorethanfuel.eu/
(3) http://www.skip.pt/main.php?peqpod=1
(4) http://tv.rtp.pt/EPG/tv/programas/index.php?tvcanal=8
http://fbaupgoinggreen.blogspot.com/ - suporte online do projecto de Design Gráfico
http://forum.cgartdomain.com/index.php?showtopic=5010&mode=threaded
* Traduzido e adaptado do Manifesto Medelin, de 26 de Abril de 2002, in Icogradahttp://zarp.blogspot.com/2005/07/manifesto-de-design-grfico.html
http://nautilus.fis.uc.pt/cec/designintro/facambi.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodegrad%C3%A1vel
http://cristinamoraisdesign.blogspot.com/
Nota: este ficheiro Word encontra-se com o fundo escuro pois é uma das medidas a tomar para gastar menos energia e poupar no orçamento e no ambiente. Além disto, poupa também a nossa visão, pois conseguimos trabalhar no computador durante mais horas sem prejudicar os nossos olhos. Por fim, está também provado que é relaxante utilizar um fundo azul-escuro.
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